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Sustentabilidade Inovação

EMPREENDEDORISMO SUSTENTÁVEL: O PLÁSTICO COMO FONTE DE RENDA E REALIZAÇÃO PESSOAL

21 de setembro de 2021

Materiais reciclados transformam-se em objetos úteis para a comercialização e o melhor: tudo regulamentado pela lei

Ter o seu próprio negócio parece fácil mas, na prática, não é tão simples assim. A boa notícia para quem opta por atividades como artesanato orientado à sustentabilidade é que a ocupação tem regulamentação. A profissão de artesão já está sob o amparo da Lei 13.180 de 2015, que faz parte da lista de atividades do programa de Microempreendedor Individual (MEI).

O artesão, regulamentado pelo MEI, pode formalizar suas atividades, emitir nota fiscal e obter vários benefícios como o direito a aposentadoria do MEI, auxílio doença, auxílio maternidade, redução de impostos e outras vantagens.

Mas afinal, o que é artesanato sustentável?

Com a produção de resíduos cada vez maior, a necessidade de reavaliar nossas formas de consumo fica evidente, surgindo aí uma nova demanda: a reutilização de itens que, inicialmente, seriam descartados. O artesanato entra nessa esfera de reaproveitamento de materiais diversos, como o plástico.

Simplificando, o artesanato sustentável é uma modalidade que une o artesanato com o meio ambiente. São modelos de negócios que se preocupam com fatores ambientais e sociais, adotando atividades baseadas em medidas que não prejudicam o planeta. Com o objetivo de transformar tudo a partir do reaproveitamento de materiais, o conceito pode, inclusive, ser aplicado na produção de objetos artesanais com materiais plásticos reciclados, aumentar a renda de centenas de famílias e contribuir para a realização pessoal dos artesãos.

Como aplicar o artesanato sustentável?

Este segmento específico oferece várias oportunidades de negócios, uma vez que os empreendedores também podem atuar junto com organizações ambientais, projetos sustentáveis e em estabelecimentos com foco em produtos naturais.

A produção de artigos de decoração, moda, utensílios e móveis domésticos é a essência do artesanato sustentável. Inclusive, esse tipo de arte tem sido cada vez mais adotado por grandes organizações e reconhecido como produtos de luxo. Por isso, é importante que o artesão formalize suas atividades e invista na criação de peças originais e na marca de seus produtos. Ao se diferenciar e trabalhar em nichos, o profissional amplia as chances de reconhecimento do público e o alcance de suas produções.

Vendas de artesanato sustentável

Além do artesanato sustentável ser mais vantajoso porque não exige a compra de materiais caros, dado que grande parte dos itens usados são garrafas PET, potes de alimentos, tampas e etc., a arte tem se tornado cada vez mais reconhecida. Muitas pessoas passaram a descobrir o verdadeiro valor das peças artesanais, que, quando feitas com cuidado e dedicação, são duráveis, funcionais, possuem design único e enorme valor cultural e artístico.

Tradicionalmente os artesãos trabalham e vendem seus produtos na rua, em tendas, feiras, em lojas locais ou em eventos culturais. Porém, o surgimento da internet veio para aumentar o número de vendas e ampliar o reconhecimento profissional da marca.

Em Curitiba, uma feira de artesanato faz sucesso entre os moradores e turistas da cidade. Sempre aos domingos, a Feira do Largo da Ordem reúne amantes do artesanato em um dos principais pontos turísticos, o Largo da Ordem.

Aluísio de Paula, idealizador do projeto Econtexto Idéias Ecológicas e expositor na Feira, atua desde 2007 promovendo o consumo sustentável por meio da comercialização de produtos inovadores. São camisetas, almofadas, ecobags e itens decorativos para além da atividade cotidiana.

Seus produtos são feitos a partir de matéria-prima reciclada, como por exemplo as camisetas de malha de garrafa PET (50% PET 50% Algodão) ou então a Almofada com revestimento de malha de garrafa PET e recheio de fibra antiale´rgica, tambe´m feita de garrafa PET reciclada.

Almofadas da Econtexto Idéias Ecológicas, feitas de material plástico reciclado.


Camisetas da Econtexto Idéias Ecológicas, feitas de material plástico reciclado.


A atividade, que por muito tempo foi um complemento de renda, tornou-se a atuação principal de Aluísio, que possui diversos parceiros na confecção dos produtos. A Econtexto Idéias Ecológicas atende também o mercado corporativo, que hoje é seu negócio principal e realiza a venda dos produtos através do e-commerce da marca.

Mas, para Aluísio, a feira é um local primordial para testar a aceitação de novos produtos e técnicas e para ampliar o networking. Aluísio acredita que o artesanato sustentável é, antes de tudo, produto de transformação. Para ele: "arte e artesanato, são uma combinação de técnicas e matérias-primas que resultam em produtos únicos. E essa transformação ocorre no artesão simultaneamente. A criação e a produção de itens amplia os horizontes, acalma e preenche o tempo maravilhosamente. Trabalhos manuais são sempre bem-vindos para trazer serenidade para o coração e mente".

Por fim, Aluísio diz que o que o mantém motivado é "a possibilidade de conscientizar as pessoas (crianças, jovens, adultos e idosos) da importância de se preservar o meio ambiente, de se humanizar a forma de produção e descarte correto de produtos'.
 

Outras formas de empreender

As cooperativas de catadores de recicláveis muitas vezes também se enquadram como pequenos empreendedores. As associações de catadores têm atuação importante na gestão dos resíduos plásticos, sendo os responsáveis por reinserir esse material na cadeia produtiva e por meio da reciclagem, geram empregos e renda.

Embora não seja comum encontrar informações específicas do retorno econômico que a reciclagem do plástico gera para associações de catadores, um estudo realizado na associação de catadores de Florianópolis, apontou um dado expressivo. O acadêmico em Engenharia Sanitária e Ambiental do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina, Julio Felipe Pecapedra Souza, realizou entrevistas com os gestores de cinco associações de catadores de Florianópolis e concluiu que os valores de retorno financeiro variam de R$ 450,79 até R$ 1.894,96, sendo a média de R$ 1.482,10 por associado, dependendo do volume triado e dos preços de venda de cada tipo de plástico em cada associação.

Essa pesquisa nos proporciona uma visão mais abrangente sobre o plástico que, com uma correta gestão pós-consumo, transforma resíduos em oportunidades de renda para muitas pessoas, dentre elas, os catadores.

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