A presença do plástico em hortas automatizadas no meio urbano remonta à própria história da horta em pequenos espaços - da produção de hortaliças aos temperos em vasos. E você sabia que o plástico está inserido em diversos componentes do sistema de Horta Urbana Automatizada (HUA)?
A mangueira que conduz a água e os conectores são feitos de plástico, o reservatório de água é de plástico e até mesmo o vaso onde a planta cresce pode ser de plástico.
Foto: Marcos Piva
Segundo o arquiteto e especialista em permacultura e plantios urbanos Rainer Grassmann, que está à frente da prática que visa automatizar hortas urbanas por meio da tecnologia e do hardware aberto e livre, boa parte dos sensores usados pelo sistema tem como principal material o plástico. "É o caso do sensor de fluxo d'água e do sensor de umidade e da própria válvula solenoide, responsável por liberar a passagem de água", destaca ele.
Oficina no PlastCoLab
Grassmann ministrou oficina de introdução à automatização de hortas durante o evento PlastCoLab São Paulo, em dezembro de 2017. Ele conta que foi uma oportunidade riquíssima de troca de experiências. Participantes sem nenhum conhecimento de automatização davam dicas de plantio para todos, e outros, que tinham contato com eletrônica, ajudaram àqueles que precisavam montar o pequeno leitor de umidade do solo.
Foto: Mário Villa Escusa
Foto: Mário Villa Escusa
E continua: "Creio que a oficina tenha sido muito proveitosa para todos que participaram. Cada um pôde levar consigo conhecimentos mistos de plantio e de automação, bem como as mudinhas que usamos durante a oficina".
Automatização no cultivo urbano
No cultivo urbano, a automatização surge como um modo de facilitar a preservação e de realizar operações em momentos específicos sem a necessidade de um operador presencial. Por exemplo, realizar regas nas horas adequadas e ligar e desligar as luzes no ciclo correto para a planta. Isso aumenta a autonomia do sistema e garante cuidados com as plantas com necessidade de manutenção menos constante. "Você pode viajar e ter a tranquilidade de que as plantas estarão regadas e bem nutridas", completa Grassmann.
Placa controladora do sistema
Ele explica que a placa controladora tem a função de ler os dados emitidos pelos sensores, fazer cálculos e, através de comandos, controlar a rega e a luz. Ela é formada por um microcontrolador e por outros componentes eletrônicos.
Foto: Mário Villa Escusa
Foto: Rainer Grassmann
Fazendo uma analogia biológica, o microcontrolador seria o cérebro do sistema, os sensores seriam os receptores sensoriais e a válvula solenoide seria o equivalente a um músculo.
De acordo com a interpretação de Grassmann, assim como no corpo humano, os sensores transformam a informação em impulsos elétricos, que são interpretados pelo microcontrolador. Com base nessas informações, é calculada a resposta mais adequada que o sistema dará. O comando é passado novamente em forma de impulsos elétricos para a válvula solenoide, que se mantém aberta até o comando contrário.
Funciona como um sistema de ação e reação, pautado por valores estabelecidos na programação, que fica armazenada dentro do microcontrolador.
Vegetação pensada previamente
Como o idealizador do projeto diz, essencialmente pode-se plantar qualquer planta com o sistema de automatização, porém vale lembrar que cada espécie tem suas características e necessidades próprias. E ele esclarece que "misturar uma planta que gosta de solo seco, como o alecrim, ao lado da hortelã, que prefere solos úmidos e encharcados, certamente não será uma boa combinação".
Outro fator importante é a quantidade de luz compatível com a necessidade da planta: "Caso a planta não possua luz natural suficiente, é importante pensar em um sistema de iluminação artificial que seja adequado para a espécie e a quantidade de plantas em questão", lembra Grassmann. Além disso, é importante que a planta possua um vaso compatível com o tamanho que ela venha a obter quando crescer. "Assim as raízes poderão se desenvolver plenamente, permitindo que a planta desenvolva-se bem", ensina ele.
Nutrição das plantas
Conforme Grassmann, a nutrição da horta começa com o preparo do substrato adequado para cada tipo de planta, composto por fibras vegetais, minerais e terra. Esse é o espaço em que as raízes crescerão na busca por água e nutrientes. No preparo do substrato são adicionados os nutrientes, sejam eles orgânicos, como húmus de minhoca, ou inorgânicos (NPK). Uma vez plantada, pode receber nutrientes diluídos na água via sistema de irrigação por gotejamento, método que minimiza as perdas de água.
"Biofertilizantes de composteiras domésticas são uma boa fonte de nutrientes orgânicos para as plantas", prossegue Grassmann e diz que também podem ser diluídos produtos como o Bokashi, matéria orgânica fermentada produzida por técnica japonesa que auxilia a manter a saúde do solo e da planta. Ou ainda fertilizantes inorgânicos, que podem ser comprados com variações específicas para cada tipo de planta e momento de vida: enraizamento, crescimento ou floração.
Custo da automatização
O valor dos componentes necessários para a montagem de um sistema básico, que contenha leitor de umidade do solo e irrigação automatizada, é bastante acessível.
No site https://hortaua.com.br/ você encontra um link que mostra como montar e programar um módulo básico de leitor de umidade do solo e outros sistemas.
Já a montagem de um sistema completo inclui diversos elementos e apetrechos, como: vasos, mangueiras, plantas e os substratos, além de opcionais, como reservatório, bomba d'água, iluminação artificial, entre outros. Portanto, o valor varia de acordo com a demanda do cliente.
Em breve, vão ser vendidos kits completos, próprios para pequenas hortas de temperos, de chás, de plantas medicinais e outras. Fique atento ao Instagram para essas e outras novidades: https://www.instagram.com/horta.urbana.automatizada/
Foto: Rainer Grassmann
A experiência com hortas urbanas pode ser automatizada, mas é também social e humana. Dessa forma, há uma reconexão desses dois mundos - o das plantas e o das pessoas - que é posta à mostra. As hortaliças e os temperos ganham cuidados, e quem zela pela horta ganha autonomia de vegetais em casa ou em qualquer lugar da cidade. Dessa forma, é promovido, ainda, o encontro de pessoas que vivenciam o cultivo orgânico na prática.
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